O Dão

Berço de grandes vinhos de perfil clássico e enorme longevidade

Paisagem de declives suaves, entre maciços montanhosos, o Dão foi a primeira região a ser demarcada para vinhos não licorosos em Portugal, em 1908, num contexto de enorme convulsão na viticultura europeia – em plena luta contra a praga filoxera. Denominada então Região Vinícola da Beira Alta, em 1912 vê definida a sua abrangência geográfica a 16 concelhos, tal como existe hoje, tendo sido reenquadrada em sete sub-regiões em 1933.

O Dão e o seus microterroirs

Um território com características genuínas e únicas no mundo

A atual Região Demarcada do Dão, situada na Beira Alta, num enclave montanhoso no centro norte de Portugal, é um território com 376.000 ha com características únicas no Mundo, marcado pelo recorte das serras e pela confluência dos rios, onde apenas 5% da sua terra é dedicada à vinha e à produção de vinhos com Denominação de Origem Protegida.

Repleto de histórias antigas e florestas mágicas, vivido por gente hospitaleira e trabalhadora e vários palácios e casas de famílias nobre portuguesas, o Dão é uma região clássica com distintas paisagens litológicas com vinha plantada entre os 100 e os 800 metros de altitude, na sua maioria – mais de 90% – em planaltos de rochas essencialmente de origem granítica, com boa drenagem e com uma área média por viticultor de 0,35 ha.

Esta geomorfologia única que origina diferentes microterroirs contribui para uma enorme diversidade de perfis vínicos a partir de castas tintas (10.683 ha) e de castas brancas e (2.613 ha).

Condições edafoclimáticas de exceção do Dão

O Dão é uma região de altitude no extremo inferior do Norte, mais precisamente no Planalto Beirão, rodeada por maciços montanhosos que a protegem das influências exteriores. Limitada a sudoeste pela Serra da Estrela (a mais alta de Portugal continental, com quase 2.000 m) e pela Serra do Açor, a noroeste pela Serra do Caramulo, a nordeste pela Serra da Nave, a sul pela Serra da Lousã e a sudoeste pela Serra do Bussaco, a região está defendida quer dos agentes climáticos continentais e marítimos, quer dos ventos húmidos vindos do sul. Em grande parte, a individualidade do Dão deve-se precisamente à natureza e acidentado do seu relevo.

Esta velha cadeia de montanhas determina vários terroirs e microterroirs de grande importância para a cultura da vinha e, apesar de um clima mais temperado, apresenta variações microclimáticas nas diferentes sub-regiões vitivinícolas. Aqui a influência mediterrânica é superior à atlântica, com temperaturas muito elevadas no verão (a ultrapassarem com facilidade os 40º C) e negativas no inverno.

Castas ancestrais endémicas, a Touriga Nacional e o Encruzado

Das cerca de 20 castas recomendadas no Dão que marcam a diferença nos perfis dos grandes vinhos do Dão, sobressaem as castas endémicas exportadas para outras regiões, como a Touriga Nacional e o Encruzado. A Touriga Nacional, ícone das castas portuguesas notável em todo o mundo, tem origem nesta região, na vila de Tourigo, sub-região de Besteiros, Tondela. Dá origem a um vinho tinto de cor profunda, encorpado e estruturado, rico em taninos e sabor concentrado e explosivo, rico em aromas de flores e frutos. Por sua vez, a casta Encruzado, também conhecida como Salgueirinho, é quase exclusivamente cultivada nesta região. Ao contrário de outras castas portuguesas que chegam a ter histórias seculares, a Encruzado é relativamente recente, com um trajeto documentado de cerca de 70 anos. Produz vinhos que surpreendem pela elegância e complexidade dos seus aromas vegetais e florais, evidenciando elevada frescura e persistência na boca.